Entrevista elaborada, pelos alunos
de 2ºBachillerato da disciplina de Português do IES Rodríguez Moñino, para a revista educativa "Moñino Times" e um autêntico privilégio poder entrevistar um viajante e ser humano como o Gonçalo Cadilhe!
Entrevista:
Antes de mais, Gonçalo, queríamos agradecer-lhe a simpatia de nos
conceder esta entrevista para a edição nº11 da nossa revista “Moñino Times” e
dizer-lhe que foi com muito prazer que conhecemos a sua obra e ficámos
fascinados com uma biografia tão interessante. Gostávamos de saber o que é que
o motivou a começar a viajar?
É com muito prazer que partilho a
minha experiência convosco. O que me provavelmente me motivou a viajar foi a
possibilidade de poder viajar, é tão simples como isso. Acho que qualquer
pessoa normal, podendo viajar, põe-se a viajar. É uma daquelas coisas na vida
que é tão boa e tão aliciante que só mesmo alguém que não funciona bem ou que
sofre daquela doença que se chama agorafobia, que é o medo de sair dos lugares
conhecidos, só alguém que sofre dessa doença, é que não se põe a viajar. Estou a brincar, mas estou a falar a sério.
Portanto, sendo um habitante do mundo ocidental no século XX, era relativamente
fácil para mim pôr-me a viajar e foi isso que eu fiz. O que eu quero dizer com
isto é que se eu fosse um albanês ou um congolês, apesar de viver no século XX,
provavelmente nunca teria podido viajar. Da mesma maneira, se eu fosse um
europeu ou um português, mas do século XVIII ou XIX também teria sido muito
difícil pôr-me a viajar. Assim tive a sorte, o privilégio de nascer em Portugal
no final da década de sessenta, portanto, quando cheguei ao final dos anos
oitenta estava em plena maturidade e tive a liberdade de optar por dedicar o
melhor da minha energia e da minha conta bancária a viajar.
Para além desta razão que toca a
todos os ocidentais, que nasceram na segunda metade do século XX, há outra
questão mais concreta. Eu nasci e cresci numa cidade à beira-mar, que é a
Figueira da Foz, onde o surf é uma atividade praticada por bastantes pessoas
porque as ondas são de uma qualidade internacional. E eu cresci a contactar
surfistas da Austrália, da Califórnia, da África do Sul que vinham passar
algumas semanas à Figueira da Foz, fazia parte do itinerário que eles faziam no
seu “gap year”, no seu ano de volta ao mundo, que é uma espécie de ritual de
passagem destes jovens, sobretudo australianos. Enfim, é uma espécie de vírus
que me contagiou. Ao longo dos anos oitenta, quando eu tinha 15, 16, 17 anos,
sabia falar inglês, tinha aprendido na escola, portanto tinha facilidade em
comunicar com estes jovens que andavam em carrinhas pão de forma e que
compravam aqueles bilhetes de avião “Around World” válidos por um ano. Eles
viajavam em grupos de quatro, chegavam a Londres, fazia parte do itinerário
deles três meses na Europa, compravam uma carrinha combi “pão de forma” para
estarem os tais três meses na Europa a descer pela costa do Atlântico até
Marrocos, passavam umas semanas na Figueira da Foz, eu falava com eles, ficava
amigo e ficava a saber que existia esta ideia do “gap year” e dar a volta ao
mundo para fazer surf nas melhores ondas do planeta. Esta ideia nunca mais me
abandonou, portanto eu, assim que terminei o meu curso universitário, tinha
muito bem definida a prioridade, que não era arranjar emprego, era fazer esta
volta ao mundo. A realidade é que como tinha este talento para escrever e como
em Portugal havia muito poucas pessoas com conhecimento deste modo de vida, não
modo de vida, mas desta atividade. Eu tive essa vantagem competitiva de poder
transformar aquilo que para a maioria dos jovens australianos ou californianos
é quase uma atividade banal: dar uma volta ao mundo com uma mochila às costas
num certo momento da sua vida. Para mim, num país onde era quase totalmente
desconhecido, eu consegui fazer disto uma profissão.
De tantos lugares por onde andou, sem ter de pensar muito, qual foi
aquele que mais o marcou?
Seria injusto para mim estar a
escolher um país ou uma região em detrimento de outra porque efetivamente são
tantas as regiões e os países onde me senti muito bem e onde tenho regressado
ao longo dos anos, portanto aqui é importante dizer que eu nunca tive o
interesse de fazer aquela célebre lista de estar a marcar as cruzinhas nos
países onde já estive e ver quantas cruzinhas ainda faltam para completar a
lista. Nunca me interessei por fazer isso, portanto ficarei sempre com imensos
países por visitar e regresso regularmente aos países que gostei ou às cidades
que gostei. Posso dizer-vos que espero nunca ir ao Suriname, às Seychelles, à
Arábia Saudita ou ao Dubai, são países que não me interessam, acho nunca irei
lá e pelo contrário espero regressar muitas vezes na vida a Veneza.
De certeza que já experimentou muitos tipos de gastronomia. Qual foi a
mais apetitosa? E de qual não guarda boas recordações?
Sobre a gastronomia posso-vos
dizer que viajando como eu viajo em regime, que hoje se chama “low cost”, mas
que há uns anos atrás era o chamado regime “pé descalço” (mochila às costas a
tentar gastar o mínimo possível), quando se falava em gastronomia eu ria-me
sempre. A minha gastronomia é aquela do
autocarro que passa pela tasca e pára 40 minutos para os passageiros almoçarem.
Come-se o prato do dia e o melhor é nem saber o que é, para não perder o
apetite. Também me estou a lembrar de um livro muito engraçado, para quem gosta
de viajar, de um autor australiano que se chama Peter Moore, e o título do
livro é “No shitting in the toilet”. É um livro que conta histórias absurdas de
quem anda a viajar pelo mundo e na contracapa podem ler esta observação curiosa
que diz assim: “Há duas coisas no mundo que vocês nunca irão querer observar,
uma é os vossos pais a terem sexo e a outra é a cozinha do restaurante indiano
onde acabaram de almoçar”. Isto dá-vos bem a ideia do tipo de situações em que
eu geralmente me encontro quando tenho as minhas refeições de mochila às costas
a viajar pelo mundo, portanto quando me falam de gastronomia eu realmente não
tenho muito a acrescentar sobre essa situação. A minha gastronomia preferida é
quando eu não sei o que é que estive a comer e quando eu não vejo a cozinha do
restaurante ou tasca onde acabei de comer a minha refeição.
Para uma pessoa que já deu a volta ao mundo, podia partilhar connosco
um acontecimento divertido que se lembre?
Tudo me faz rir depois de ter
passado pelas coisas. Há um acontecimento divertido que eu descrevo no “Planisfério
Pessoal” que tem a ver com a forma como nós criamos uma ideia do mundo a partir
dos telejornais e depois quando chegamos lá, ao mundo, percebemos que tudo são
clichés e os telejornais, na sua necessidade de simplificar a realidade,
criam-nos uma ideia do mundo completamente errada. Então há esta situação que
eu conto no livro “Planisfério Pessoal” em que eu atravesso o Afeganistão com
um inglês, que acabo de conhecer na fronteira do Paquistão, Peshawar. Eu tinha
decidido atravessar o Afeganistão vestido como um afegão, ou seja, andava há
várias semanas a deixar crescer o cabelo e a barba, tinha comprado aquelas
camisas saiote que chegam até aos tornozelos, que se chama “chaleur camise”,
enquanto que esse inglês tinha dois metros de altura, era louro, olhos azuis,
sardento, achou que ia manter-se em jeans e t-shirt. Portanto quando andávamos
os dois no Afeganistão ele era obviamente identificado como americano e eu
passava despercebido, ninguém reparava que o português era um afegão. Claro que
eu não sabia falar a língua, se me perguntassem alguma coisa percebiam que eu
não sabia falar, quanto muito, imaginariam que eu era mudo, mas ninguém
compreendia que eu não era afegão. Esta situação era muito divertida, eu andava
sempre vinte metros atrás desse meu amigo Cliffort, se lhe deitassem uma
granada eu sempre tinha 20 metros de distância e tinha mais hipóteses de
sobreviver. Eu dizia-lhe isto e ele ficava furioso. Esta situação já era
divertida, mas a verdade é que, depois de sairmos do Afeganistão, entrámos no
Irão e eu continuei durante as primeiras horas vestido como um pastor afegão e
ele continuou vestido com os seus jeans e t-shirt e depois apanhámos o comboio
da noite que saía da fronteira do Irão para a capital, para Teerão, e pelas
notícias eu continuava a achar que o Irão era um país como o Afeganistão cheio
de terroristas e fundamentalistas. Portanto, o comboio da noite chega ao centro
de Teerão, lá saímos os dois da estação de comboio e de repente eu estou numa
capital que podia ser a capital de qualquer país do Ocidente, ou seja, no meio de pessoas de fato e gravata com as
suas pastas e computadores a irem para o emprego, a apanharem táxi, e agora era
ao contrário: era eu que estava vestido como um pastor afegão no meio de uma
das capitais mais cosmopolitas e avançadas do Médio Oriente e o Cliffort vinte
metros atrás de mim a rir e a ter a certeza que ninguém imaginava que ele
estivesse a viajar comigo e eu a fazer a
figura de pastor afegão sozinho na capital do Irão.
É importante a
simplicidade da bagagem para viajar ou faz-lhe falta muita coisa?
Claro que é muito importante o
pragmatismo, porque se nós começarmos a pensar no que faz falta na bagagem,
então faz-nos sempre falta qualquer coisa que nunca veio, é como a farmácia e
os medicamentos. Levamos sempre os medicamentos todos menos aquele que
precisamos. Quanto à questão da mochila, desde que existem as lojas dos
chineses nunca há nada que nos falte que não possa ser comprada na esquina mais
próxima onde se encontra uma loja de chineses e estão em todo o mundo, até no
Zimbabwe onde praticamente o Mogabe deu cabo do sistema monetário. O segredo da
mochila é mesmo que ela seja leve, que proteja as nossas costas com uma ótima
armação. Isto é muito importante quando andamos a viajar não apenas um par de
dias ou de semanas, mas quando andamos a viajar vários meses. Na minha opinião,
a mochila deve levar, continuo a acreditar que a informação cultural é a melhor
ferramenta e a melhor chave para fazer a diferença no viajante. Aquilo que eu
acho que devemos levar na mochila é mesmo um bom livro para percebermos a
realidade do país que estamos a atravessar. Um bom livro que faça uma
perspetiva histórica, ou seja, através da conversa com o passageiro no assento
ao lado nós conseguimos perceber muito bem a realidade atual do país onde nós
estamos nomeadamente, não digo tanto a política, mas sim o sentido de humor, os
costumes, os gostos e os hábitos, desde como é que se escolhe uma noiva até
qual é a equipa de futebol mais querida da população, todas essas coisas. E
isso está muito bem para uma conversa com o passageiro do lado. Agora para
perceber o enquadramento histórico, perceber como é que o país chegou àquilo
que é hoje, tem que ser um bom livro e portanto penso que é para isso que serve
a mochila hoje em dia. Em relação a roupa e pasta de dentes, e essas coisas,
mudando de país e de clima, de hábitos morais, saímos de uma Tailândia em que
podemos andar de camisola de cava e calções e vamos para um país como o Paquistão
onde as pessoas são extremamente sensíveis à pele descoberta e temos que andar
vestidos para cobrir tudo. Todas essas mudanças não têm que ir dentro da
mochila, vai-se a loja dos chineses e compra-se aquilo que é necessário para o
novo país, ou se vamos do Laos, que é um país tropical, para o Nepal, que é um
país frio nos Himalaias, essas coisas vão-se ajustando, vão-se comprando. A
mochila serve apenas para levar o essencial e o essencial tem a ver com aquilo
que se vai comprando e que depois se vai deitando fora ou oferecendo, tem a ver
com aquilo que nos serve para nos preparar culturalmente para a próxima etapa.
Um viajante conhece muito bem o conceito de fronteira e o Gonçalo é
disso um excelente exemplo. Por isso não podemos deixar de lhe perguntar como é
que vê este presente tão carregado de ideias de construção de muros entre
países e a necessidade de cada vez mais se controlarem as fronteiras?
Paradoxalmente neste mundo que
cada vez mais constrói fronteiras e muros e cada vez dificulta mais a viagem,
no meu caso concreto de viajante profissional que descreve o que vê, esta
situação para a qual caminhamos pode ser vista como uma oportunidade
profissional, pois o que deu a fama aos grandes viajantes, através da história,
foi precisamente essa vantagem competitiva de irem onde mais ninguém ia. Pensem
no caso do Marco Polo, talvez o mais emblemático dos viajantes, mas, se
quisermos ficar pela história de Portugal o caso do Fernão Mendes Pinto, foi
precisamente o facto de escrever, descrever e partilharem aquilo que tinham
visto para que os outros que não viajavam também o pudessem ver através das
palavras que eles deixaram, o que os tornou famosos e, se quisermos, que fez
com que os livros vendessem tanto. No mundo onde toda a gente pode viajar, eu
questiono qual é a função do escritor de viagens, torna-se obsoleta. Portanto,
se o mundo torna a fechar as suas fronteiras e se apenas poucos continuam a
viajar, esses poucos têm outra vez uma missão importante que é a de
transmitirem àqueles que não viajam o que é que existe pelo outro lado,
portanto parece-me que, em termos profissionais, vejo um futuro risonho com as
ideias do Senhor Trump e de todos os seus seguidores e defensores que
proliferam pelo mundo. Pode ser que a minha conta bancária de escritor de
viagens comece a ter números verdes, comece a sair do vermelho. Estou a brincar!
Nem tanto...
Tem viajado muito por Espanha? Conhece a nossa região, a Extremadura, e
o que pensa da nossa cumplicidade raiana com o seu país, ao ponto que cada vez
há mais gente interessada na língua e na cultura portuguesa?
Não tenho viajado muito por
Espanha, tenho aproveitado, sempre que atravesso Espanha para parar. É um país
que admiro imenso, é um país que considero exemplar, gostaria que Portugal
aprendesse muito mais com Espanha do que aquilo que tem aprendido.
Lamentavelmente os portugueses têm muitos preconceitos e têm muita inveja e o
complexo do irmão mais novo, costumo eu dizer, em relação a Espanha.
Infelizmente há também muita falta de comunicação entre Portugal e Espanha,
aliás, vê-se que as povoações de fronteira em Portugal têm mais contactos com
Espanha e vê-se logo que há uma maneira diferente na forma como lidam com os
seus centros históricos, como utilizam os bares e os espaços comuns para criar
uma ligação entre a população. Acho que Portugal tem muito a aprender com
Espanha, também acho que devia haver uma forma de governação mais alargada.
Digamos que sou um iberista embora não tenha ideias muito claras sobre o que é
que quero dizer com isso, mas acho que faria mais sentido a Península Ibérica
pensar-se como uma região inteira em vez de criar muros, que é o que os
discursos nacionalistas sempre têm feito ao longo dos séculos. Acho que hoje em
dia, com o peso da história que temos para trás, não há perigo nenhum em cair
numa conversa de perda de independência ou de identidade ou identidades
nacionais estão perfeitamente consolidadas, portanto podemos perfeitamente
avançar para uma identidade, um tipo de governação mais ibérica e menos
nacionalista. Em relação ao sul de Espanha, Extremadura, conheço a nível
profissional por causa do projeto Magalhães que viveu em Sevilha que saiu do
porto de São Brás de Barrameda, conheço essas zonas. Com o projeto Santo
António é provável que ele também tenha viajado através da rota almóada e
almorávida, pelo sul de Espanha, também voltei a fazer essa zona. Há uns anos
atrás também escrevi uma reportagem sobre os “pueblos blancos”, também tive a
possibilidade de conhecer relativamente bem Ronda e os “pueblos blancos”. Não
conheço o litoral mediterrânico, nunca me interessei muito. Acho muito
interessante a paisagem do interior e espero, quando tiver possibilidade de
viajar quer a nível profissional, quer a nível mais lúdico e de férias, poder
fazê-lo. Mas Espanha é um bocadinho como Portugal para mim. É uma realidade tão
próxima que eu tenho sempre aquela tentação de dizer “tenho sempre tempo” e vou
adiando e vou pensando aqueles países mais distantes e mais complicados a nível
logístico e a nível físico, sei lá Filipinas, o fuso horário e as condições de
vida são duras e então enquanto sou jovem vou apostando nestes destinos mais
distantes e depois, quando for velhinho, vou-me ocupar mais de Portugal e de
Espanha, vou pensado nisto. Não é propriamente a estratégia mais correta porque
recordo sempre esta história que vem descrita.
Se eu tivesse primeiro visitado as cidades originais
construídas em Espanha, se calhar não teria ficado tão fascinado pelos modelos
replicados na América pelos espanhóis e que hoje são conhecidas como as cidades
coloniais americanas, uma delas é Jaca que é património Unesco, e que são
extraordinárias, de facto só podem ser compreendidas depois de enquadradas
dentro do seu modelo original.
Para um homem que decidiu estudar “os passos de S. António”, o que é
que pensa do nosso “Caminho de Santiago”, esse património de peregrinação da
cultura espanhola e cada vez mais internacionalizado? Já alguma vez o fez ou
pensa fazer?
Eu nunca percorri os caminhos de
Santiago, tenho feito trekking em todo o mundo e para mim é uma atividade
extraordinária a possibilidade de sermos autónomos e distantes do meio urbano
ou cada vez mais a humanidade se concentra nas cidades e, infelizmente nas
grandes cidades, portanto esta possibilidade de regressar durante uns dias à
nossa condição original de seres rodeados da natureza é extraordinária, é muito
importante. Tenho viajado e visitado países como por exemplo a Nova Zelândia,
África do Sul onde o trekking é uma atividade corriqueira, onde todos os
cidadãos estão habituados a fazer trekking e os países estão extremamente bem
apetrechados com percursos de trekking para todos os tipos de dificuldade e de
empenho. Eu admiro muito a mentalidade dos australianos dos neozelandeses dos
americanos e dos ingleses, claro, a origem de todos estes países
anglo-saxónicos que praticam regularmente estas atividades que chama de
outdoors. Tenho sempre uma grande tristeza por ver os países do sul da Europa,
nomeadamente Portugal e Espanha, mas agora refiro-me concretamente a Portugal,
talvez pelo excesso de sol porque têm sempre bom tempo nunca valorizam essa
possibilidade de ir apanhar sol que no fundo foi essa a origem da atividade de
outdoor. Pensem no clima inglês, aqueles desgraçados sempre que têm um dia de
sol vão aproveitá-lo e nós temos sempre sol nunca valorizamos. Esta atividade
de trekking de andar de mochila às costas pela natureza tem vindo lentamente,
nos últimos anos, a ser também apreciada pelos italianos com os Alpes e os
Apeninos que têm percursos maravilhosos
pelos espanhóis pelos portugueses muito, muito lentamente. Os caminhos de
Santiago, creio, têm tido um papel importantíssimo nisso, não tanto pelos
caminhos em si, porque de facto não são assim nada de extraordinário em termos
de contacto com a natureza , em termos da transmissão desse sentimento de
regresso às origens, mas são importantes porque transmitem o à-vontade, o
gosto. Isso é uma espécie de iniciação a mais trekking e mais vontade de
outdoors, enfim a esse mundo da caminhada livre com a mochila às costas que é
tão comum nessas culturas, nessas mentalidades que eu tanto admiro. Portanto,
esperemos que caminhos ligados a uma peregrinação religiosa que hoje em dia é
quase anacrónica na Península Ibérica, em Portugal e Espanha, a atividade do
trekking tem cada vez mais adeptos e com isso também as autoridades, as
entidades públicas apetrechem cada vez mais os nossos parque naturais e os
nossos espaços verdes, as nossas montanhas, os nossos territórios que ainda se
encontram intactos para que os portugueses e os espanhóis possam regressar ao
seu estado primordial de homens e as mulheres da natureza.
Caríssimo Gonçalo Cadilhe, em nosso nome e em nome de toda a comunidade
educativa do IES Rodríguez Moñino de Badajoz, queremos expressar-lhe a nossa
gratidão por conceder-nos esta entrevista e despedimo-nos com o desejo de
muitas mais viagens, sendo que, aqui nesta escola raiana, o Gonçalo pode ter a
certeza de encontrar um porto seguro. Muito obrigado!
Obrigado a vocês por se terem interessado pelo meu percurso,
pelo meu trabalho. Até uma próxima oportunidade.
Entrevista elaborada por:
Ismael García, Noelia Cabrera, Esmeralda
Sánchez, Isabel Cadenas, Alejandro Bautista, Manuel Rodríguez, Paula Barragán,
Melissa de Sousa, Rocío Vila, Mª Elena García, Marta Gijón, Javier González,
Raquel González, Paz Morales, Sergio Vital (2ºBachillerato de PL2)
Sem comentários:
Enviar um comentário